O Autor

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O motivo desta página tem como intuito dar a conhecer nomeadamente aos elementos deste grupo,todas as nossas actividades em conjunto.Em especial o nosso passeio anual que decorre no mês de Setembro.Visa sobretudo estreitar os laços de amizade já existentes.Mas também reforçar e consolidar através destes eventos que queremos que prossigam por muitos anos.Sabemos que não é facil.Os tempos são outros!O individualismo e alguma vaidade estão a sobrepor-se de alguma forma ao colectivo...este sim agente gerador de congregação irmanados pela mesma causa e que se quer...O companheirismo!...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Cervejaria C.U.F.

No outro lado do tempo
Transcrito do livro "Monografia de Massarelos", não resisti a publicar na nossa página este resumo que retrata de uma forma perfeita, o que era a mítica Cervejaria da C.U.F. como era conhecida na época. Os mais velhos do nosso grupo, recordam-se muito bem de bons momentos passados, e que a sua demolição em nome do progresso, deixou um misto de ternura e saudade. Para os mais novos que não tiveram a oportunidade de conhecer, e viver essa experiência única de beber um «girafa» e comer um «arranha céus» fica o consolo das memórias registadas em livro do meu amigo Júlio Couto.

Em 1957, com o objectivo de divulgar as marcas da Companhia, é inaugurada a cervejaria, situada no edifício de Júlio Dinis, que «rapidamente se transforma num sucesso social» Somos disso testemunha: Aos sábados, à noite, era certo e sabido: o grupinho reunia-se na Cervejaria da C.U.F. (era como a baptizamos), com direito a elevador para o piso superior, onde era de norma, entre grandes risotas e piadas, uma cervejinha e um arranha-céus. Bem, «isto» era uma sande com várias «andadas» de pão de forma, intervaladas com queijo e carnes variadas, encimado tudo com um ovo estrelado. O normal, para nós claro, era dividir tudo em duas partes, passar o fundo para cima, de maneira a manter o ovo estrelado no meio, comprimir para ficar mais fácil de trincar e depois, ver quem acabava primeiro...e se lambuzava menos. Ainda hoje sou sincero adepto de «tudo bem passado» e já nesse tempo o era, o que não quer dizer que, por engano, ou por distracção viesse, por vezes, o ovo mal estrelado (mal, para o meu gosto, claro). E como eu confiava no pedido feito à cozinha, resultado--mais uma vez o ovo esparrinhou e era uma sorte não acertar em conviva das mesas mais próximas. A fábrica só ali durou seis ou sete anos, tendo sido transferida para as novas instalações, construídas entre 1962 e 1964, em Leça do Balio, onde ainda hoje se encontram, sob a denominação de «UNICER-- União Cervejeira,S.A». Entretanto a cervejaria manteve-se no mesmo local, até 1972. Uma das boas recordações da cervejaria, e ainda estamos felizmente vivos, alguns dos intervenientes, foi passada numa noite de fim de ano. Já todos travalhavamos e só nos encontrávamos, depois do almoço, para o cafezinho da ordem e dar dois dedos de conversa antes de rumar para o trabalho. Aos sábados, à noite, depois de jantar, é que era sempre certo e, claro, nas festas, onde o grupo ia sempre em conjunto. Nesse ano, por alturas do Natal, tratou-se de saber onde se iria passar a noite de fim de ano, já que éramos adeptos de festas tipo familiar, em vez de grandes ajuntamentos públicos. Cada um ficou de arranjar baile apropriado e todos acabamos por descansar no que os outros arranjassem. O resultado foi encontrarmo-nos na C.U.F. (na cervejaria, claro), para a cervejinha da ordem e, de repente, tivemos a amarga sensação de ninguém ter arranjado nada. Acabou tudo em grande gargalhada, e entre mais umas piadas, e mais uma cervejinha, chegamos até ás onze e meia da noite. De repente, o impecavél gerente, sempre atencioso, aliás, dirige-se á porta e fecha-a á chave. Já estava tudo para o que desse e viesse, quando ele, todo sorridente, informa que, todos quantos ali estávamos éramos convidados da administração para o tradicional brinde de Ano Novo. E há que começar a colocar, à frente de cada um, uma «girafa» ) era uma caneca de grés, com duas asas, uma em cima, de um dos lados, e a outra em baixo, do lado oposto, para se poder pegar com duas mãos, e com capacidade para três litros, se bem me recordo...), cheias de loira e fresca cerveja. E, as vazias, eram logo substituídas por outras cheias. Nunca até hoje, nos embebedamos na nossa vida, mas naquela noite, na noite daquele abençoado esquecimento do baile, creio que estive no limiar do chamado «pisar o risco» Durante algum tempo conheci uns «melros» que, só de ouvir falar em cerveja, ficavam logo com cara de agoniados...Mas foi lua de pouca dura, porque pouco tempo depois reiniciávamos e continuamos fiéis adeptos desta «santa» Depois, as instalações e os terrenos da Fábrica da Piedade/Júlio Dinis foram vendidos, e mais uma grande unidade fabril desapareceu, deixando mais pobre a nossa freguesia.

Foto tirada em 29 - 10 - 2008